sábado, 2 de fevereiro de 2019

Vila Pouca

Querido Tomás,

Regressei há umas horas de tua casa. Que convite maravilhoso, o da tua mãe!
Já mal me lembrava da recepção sempre calorosa dos cães, da simpatia dos caseiros, da enorme árvore no centro da entrada e daquelas raízes a saltar da terra. Já mal me lembrava da magia que envolve a quinta, das galinhas soltas e tranquilas, dos pormenores da cozinha, do cheiro da lareira e do sabor do vinho da casa. E embora a minha memória me tenha traído todos estes anos, tudo voltou assim que pisei aquele chão. E todas, mas mesmo todas as memórias que me apareceram são memórias felizes.

Cheguei há umas horas e vim de coração cheio, vim de alma lavada e com a certeza do bem que fizemos ali reunidos, de todo o bem que fizemos uns aos outros.
Quanto amor em volta de uma só mesa e quanto amor por ti!

A minha viagem até à Trofa foi, toda ela, de sorriso no rosto, toda ela, contigo no pensamento, contigo e com aquele abraço apertado da tua mãe enquanto se despedia de mim e me dizia: "Obrigada, Ju. Vocês aqueceram-me o coração.". A minha resposta foi apertá-la ainda com mais força e só me saiu um: "Oh Luisinha..." e prometi voltar.
Mal sabe ela que o meu (o nosso) ficou tão ou mais quentinho.

Todo o almoço foram histórias, histórias deles, histórias nossas, foram risos e gargalhadas.
Enchemos a tua casa e sentimo-la nossa, hoje mais do que nunca.

E o teu pai, uma figuraça! Quantas histórias! Os gestos, a forma, as paragens, os olhares, a postura... igual a ti.
Enquanto contava mais uma história era a ti que eu via. Tive a sensação de que era para ti que olhava e pensei: "Como raio podem duas pessoas ser tão idênticas?"

E concluí, tens os gestos do teu pai, o humor e a postura, e tens a doçura, o afecto e o jeito da tua mãe. Que junção maravilhosa e que bom poder partilhar com eles estes momentos.

E nunca, em momento algum, foi preciso,  sequer, imaginar-te porque tenho a certeza de que estiveste ali connosco. Por isso, obrigada, meu querido.

Mantém-te por perto.

1 comentário:

  1. Olá... Que bem escreve... E mesmo isso O amor a amizade que o Tomás transmitia a todos...um beijo grande Sou a madrinha do Tomás a Catarina sobrinha e afilhada do Bento... E esses abraços dos dois Tia Luísa e Bento aquevem a alma.. Bjinhos

    ResponderEliminar